Túnel do Terror do Playcenter
Era final dos anos 80. Eu tinha uns 13 anos e havia me mudado há pouco tempo para Bragança Paulista. Cidade nova, escola nova. Não conhecia ninguém, mas logo comecei a fazer algumas amizades.
Minha mãe fazia compras em um supermercado que existe até hoje, o Supermercado do Papai. Esse supermercado fazia sorteios e eu preenchia os cupons para a minha mãe, pois ela tinha preguiça de escrever. Alguns eu colocava no nome dela, outros no meu nome mesmo.
Sempre fui sortuda. Os cupons no meu nome davam sorte. Fui sorteada duas vezes. Uma vez ganhei um pacote de arroz de 5 kg. Minha mãe adorou, já eu nem me importei muito. Alguns dias depois fui sorteada novamente e desta vez o prêmio era uma excursão para o Playcenter. Fiquei super feliz! Eu sonhava conhecer o Playcenter, várias amigas minhas já tinham ido. Pena que eu não iria com as minhas amigas e sim com a excursão do supermercado, .
No dia da excursão, acordei cedo e fui ao local de saída do ônibus. Tinha todo tipo de gente, pois as vagas foram por sorteio, então ninguém se conhecia. Tinha pessoas de todas as idades, jovens, adultos e principalmente idosas. Embarquei e segui viagem.
Passei um dia muito legal no Playcenter. Fui em muitos brinquedos, me diverti bastante. Como estava sozinha e em alguns brinquedos as pessoas entram em pares, eu fazia par com qualquer pessoa da fila. Resolvi ir ao Túnel do Terror. Não dava medo, pois as decorações não eram tão assustadoras assim, mas apesar disso, dentro do túnel todo mundo gritava que nem louco.
O Túnel do Terror era um trenzinho com bancos duplos que ia passando por um caminho escuro e cheio de monstros, fantasmas e coisas assustadoras (nem tanto). No Túnel do Terror fiz par com um menino mais ou menos da minha idade que também estava sozinho na fila. No túnel escuro e cheio de monstros, enquanto todos gritavam, ele segurou a minha mão. Fizemos a viagem toda de mãos dadas, dando segurança um ao outro. Quando acabou a viagem pelo túnel, descemos do trenzinho e nos separamos. Nunca mais nos vimos. Não sei seu nome, não lembro do seu rosto, restou apenas o calor de sua mão e uma breve lembrança.
Professora Luciana