terça-feira, 8 de março de 2016

Luciana por Luciana



Luciana por Luciana

          Fui uma criança quieta. Fui a filha que nunca deu “dor de cabeça" para os pais. Era a melhor aluna da classe, dedicada, comportada. Nunca apanhei, porque segundo a minha mãe, nunca aprontei. Não que ela soubesse.

          Vivi a transição entre o antigo e o moderno. Tive balanço de corda na árvore e tive video game também. Joguei enduro e pac-man no Atari. Nunca pulei elástico, nunca pulei corda, não sei andar de bicicleta. Mas gostava de desenhar e meu xodó eram os lápis de cor, principalmente o amarelo. Não queria ganhar bonecas, invejava mesmo era as maletas de ferramentas de construtor e de médico que os meus irmãos ganhavam de presente.

          Gostava de brincar com meus irmãos, que eram também os meus melhores amigos. Não sabia brincar de boneca como as outras meninas. Minhas bonecas brincavam e lutavam com os comandos em ação dos meus irmãos, com os animais da fazendinha, os soldadinhos, tudo junto e misturado. Meu Snoopy casava com a boneca sem perna e o filho deles acabava sendo o B.A., personagem do famoso Esquadrão Classe A. Nunca tive Barbie e Nenezinho, as bonecas mais cobiçadas pelas meninas daqueles tempos. Minhas bonecas eram feias, cabelos cortados, caras rabiscadas, às vezes sem cabeça, sem braços, sem pernas.

          Não fiz peraltagens. Divertir-se não é apenas pular o muro do vizinho para catar goiaba, quebrar a vidraça dos outros enquanto joga bola. Cada um se diverte de um jeito. Eu me diverti a meu modo, tive bons momentos. Não tenho saudade da infância, não quero voltar, pois cada minuto foi bem vivido. Agora, só quero seguir em frente.

Profª Luciana

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